"Ontem à noite olhei ao céu e comecei a dar a cada estrela uma razão pela qual te quero tanto. Faltaram-me estrelas."

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

HOJE SINTO SAUDADE DE ALGO QUE NÃO COMEÇOU!

A noite cai, o frio aumenta e a dúvida de algo que jamais vai existir, ainda bate em meu peito.
É difícil definir a saudade. Definir aquilo que outrora pode ter acontecido, mas não aconteceu.
É noite; noite fria; noite que não acaba!

A UM AUSENTE
Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto. Detonaste a vida geral, a comum aquiescência de viver e explorar os rumos de obscuridades em prazo sem consulta sem provocação até o limite das folhas caídas na hora de cair. Antecipaste a hora. Teu ponteiro enlouqueceu, enlouquecendo nossas horas. Que poderias ter feito de mais grave do que o ato sem continuação, o ato em si, o ato que não ousamos nem sabemos ousar porque depois dele não há nada? Tenho razão para sentir saudade de ti, de nossa convivência em falas camaradas, simples apertar de mãos, nem isso, voz modulando sílabas conhecidas e banais que eram sempre certeza e segurança. Sim, tenho saudades. Sim, acuso-te porque fizeste o não previsto nas leis da amizade e da natureza nem nos deixaste sequer o direito de indagar porque o fizeste, porque te foste.
(Carlos Drummond de Andrade)

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